Thursday, December 14, 2006

Grito Rock vai levantar a cena independente em Floripa




por Marielle Ramires
da Imprensa EC


Nem sempre uma cidade com vocação turística ou potencialidades econômicas em setores da economia tal como o comércio, é terreno fértil para um cena independente produtiva e dinâmica. Florianópolis ou floripa, como carinhosamente é lembrada, é um destes exemplos de caso.

E é no contrapé deste panorama, que Luciano Vítor, produtor cultural e colunista da Revista Dynamite, abraçou a idéia do Circuito Fora do Eixo, adentrando a cidade numa das maiores ações em rede já vistas no país, o Grito Rock Integrado.

Em entrevista, Luciano Vítor apresentou os paradigmas envoltos ao cenário florianopolitano, contando também quais os planos para o Grito Rock Florianópolis.

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Imprensa Fora do Eixo - Como você ficou sabendo da ação integrada e como surgiu o interesse em integrar Florianópolis?

Luciano Vitor - Fiquei sabendo em Londrina através do Ynaiã Benthroldo, do Espaço Cubo, e da Revista Dynamite, onde sou colunista, e quando vi o banner, não pensei duas vezes, quero fazer parte disso. O espaço é muito organizado, um modelo a ser copiado. Por isso me interessou. E Florianópolis nunca teve um festival (por menor que fosse) que tivesse a repercussão que o Grito tem, por isso apesar das dificuldades que eu sei que vão acontecer, decidi me oferecer e o Pablo me aceitou (ehehehe)

Imprensa Fora do Eixo - Como é a cena ai em Florianópolis?

Luciano Vitor - A cena aqui é ruim, festival de um dia dentro de um bar na minha opinião não é festival, existia um bar que era referência para toda cena do estado inteiro, o Underground, mas a polícia tanto incomodou o dono, que ele fechou e mudou-se para Porto Alegre. Existem bons festivais aqui no estado, mas na minha opinião, são mal divulgados e carecem de uma mídia de fora do estado. Temos o rural rock, o orquídea negra, o tchumistock, mas falta divulgar mais, trazer bandas com vários festivais na bagagem, e por conta de todos eles ocorrerem em outros municípios, nem sempre eles tem a mídia a favor. Eu respeito o trabalho dos produtores desses festivais, mas não entendo porque o Demosul, por exemplo, tem mais repercussão que todos eles juntos, entendeu o que falei? Falta por parte dos produtores um direcionamento externo.

Imprensa Fora do Eixo - Você se refere a integração mesmo com outras cenas, né ?

Luciano Vitor: Sim

Imprensa Fora do Eixo - Há um circuito profissional?

Luciano Vitor - A coisa aqui é muito mais na base da vontade das bandas do que pressupõe a existência de um circuito. Posso citar umas quatro bandas por exemplo que sempre estão correndo atrás de locais para tocar e saindo do estado com o próprio dinheiro: Ambervisions, Dellamarck, Pipodélica e Lenzi Brothers, essas bandas fazem o que fazem porque são do rock, mas dizer que existe um circuito aqui é ser otimista... existem locais para tocar....e agora.. depois de uns 3 anos que o underground fechou...as coisas começam a ser mais profissionais.

Imprensa Fora do Eixo - Quais locais?
Luciano Vitor - Na realidade temos uns oito picos no máximo para as bandas tocarem..se muito, temos também o espaço fios e formas, mas nada realmente com a cara das bandas..



Imprensa Fora do Eixc - E o público?
Luciano Vitor - É estranho o público daqui. Como eu te falei, existe mais uma tendência do pessoal sair de casa para uma festa com um nome estabelecido do que pagar R$ 7, R$ 10 reais para ver uma banda de fora. Existe muita aquela coisa de: “ah, é festa tal! vamos sair”...e não existe esse esforço de que temos bandas legais de fora e até mesmo locais.

Imprensa Fora do Eixo - E as perspectivas para o grito: já definiram alguma coisa? Local, se será de bandas locais ou também de outros estados...

Luciano Vitor - Em dois dias depois da confirmação já fechei com duas bandas locais, mas com uma boa história dentro da cena independente: a The Royal Ass Shakers conta com Calvin na bateria (ele é musico independente há dez anos ou mais), o Rafael que era baixista da b-driver, outra boa banda que acabou, e o Marcos Butcher, que é fundador do Butchers Orchestra e mora aqui. E temos também os Flamejantes que originalmente a banda acabou e foi reconstruída em Floripa pelo Zacani com músicos daqui.

Para o local, até a próxima segunda feira quero definir, mas tudo leva a crer que será na Lagoa da Conceição ou no centro da cidade, não tem muito o que fugir disso, o carnaval bomba de verdade nesses dois bairros. Estou mantendo contato com algumas bandas de fora como: o Last Pain (SP), e Identidade (banda de apoio do Júpiter Maçã e que tem uma carreira paralela). Existem bandas que sonho trazer como: Pata de Elefante, Laranja Freak, Detetives, Biônica. Por enquanto estou indo devagar, pois não fechei nada em termos de patrocínio, nem de custos.

Imprensa Fora do Eixo - E qual a expectativa de público?

Luciano Vitor - Olha essa é a pergunta mais difícil de responder pra você. Se o carnaval for como sempre foi aqui, em torno de 300, 400 pessoas por noite. Floripa não tem uma casa que comporte mais que isso e dê uma estrutura boa para quem vá assistir a vários shows. Quero começar devagar e ir crescendo aos poucos.

Imprensa Fora do Eixo - Você tem acompanhado o Circuito fora do eixo? Qual a sua avaliação sobre essa ação integrada?

Luciano Vitor - Olha tenho acompanhado de longe na verdade, tomo conhecimento através das colunas online do Pablo e do Finatti na Dynamite online, mas sei que as ações são muito louváveis e de certa forma inspiradoras, pois são um exemplo pra quem está de fora. Eu conheci o trabalho mais a fundo no último Demosul, quando o pessoal do Espaço Cubo deu uma palestra. A ação integrada é uma ótima forma de divulgar o maior número de bandas possíveis em vários lugares ao mesmo tempo, e como também faço parte do Loaded (radio on line), fico sabendo de novidades através do espaço que o Cubo tem lá.

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