A realidade da cena independente sulamericana
Conheça a cena independente em países como a Argentina, Uruguai e outros do continente sul-americano. E saiba também como será o Grito Rock Buenos Aires.
www.scatter.com.ar
Há alguns anos, antes do advento da internet ou com a queda do preço do dólar,pensar em integração ou intercâmbio com as cenas da música independente de países como Argentina, Uruguai, Colômbia, Peru e outros, tratava-se de conjecturações fantasiosas em virtude das várias dificuldades de se viabilizar um plano de viabilidade para tal produção. Acontece que o momento atual vem se mostrando favorável, e bandas gringas circulando no Brasil são fatos corriqueiros, haja vista os line ups dos festivais de música independente no país. Agora, um novo fato impulsionará ainda mais essa integração. Trata-se da realização do Grito Rock Buenos Aires, que será promovido pela produtora Scatter Records, da brasileira Sylvie Picolloto. Em entrevista ao Cubo Planejamento, a produtora conta um pouco de como prevê o GR na Argentina, e contextualiza também o cenário da música independente naquele país.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sylvie, fale um pouco sobre o Grito Rock Buenos Aires 2008!!
Sylvie - Faith diz:
Eu acredito que é um projeto sensacional. Gerar uma rota de shows independente não só é essencial como é o primordial para garantir o futuro de uma cena. Fico muito feliz de poder fazer parte desse projeto e poder incluir um país empano latino dentro desta rota.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E além do Grito Rock Buenos Aires 2008 o que podemos esperar da Scatter Records no ano que vem? Muitos intercâmbios?
Sylvie - Faith diz:
Sim. Felizmente sim. Para o ano que vem a gente pretende receber bandas brasileiras e sul americanas. Vamos lançar um compilado de uma banda chilena chamada Guiso em conjunto com a Monstro Discos. Vamos lançar um disco lindo chamado "No Love" de uma banda peruana, Turbopótamos, junto com o Senhor F Discos, temos também agendado uma tour dos Superguidis + El Mato A Un Policia Motorizado. Uma aliança com o selo Gordo Discos, do Peru, que tem muita coisa legal. Ano que vem a gente lança no Brasil, pela ¡Maldita Sea! Discos, um EP do El Mato A Un Policia e um EP do Brian Storming - duas bandas argentinas. Além disso, estamos sempre escutando música nova, para ter mais idéias e com isso gerar mais coisas. A ¡Maldita Sea! Discos é um projeto cultural feito entre a Scatter Records e a Peligro Discos, de São Paulo.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E como você tem visto o mercado independente brasileiro? Festivais, selos, bandas, o que mais te chama atenção nisso tudo que tem rolado por aqui?
Sylvie - Faith diz:
Eu trato de seguir tudo. Compro revistas, peço pros amigos trazerem infos, vou pra alguns festivais e shows no Brasil. Eu vejo que o independente está lutando para ganhar mais espaço e está se dando bem. Com festivais estruturados, fica mais fácil fazer o que a banda mais gosta de fazer, que é tocar. Me chama a atenção a qualidade de bandas como o Superguidis e o Los Porongas. E também o ultimo CD dos Autoramas está incrível, gosto muito do Debate de São Paulo, do Macaco Bong, dos Vamoz, das Lunettes, dos Detetives, enfim... Há muita coisa legal acontecendo e o melhor - há palcos para esta gente boa tocar. Creio que é um grande momento para a gente, que trabalha no independente. Boas bandas e boa estrutura - uma boa equação para ter um bom trabalho.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sim, e até pelo tamanho do país existem diversos circuitos para uma banda desbravar, que pode tocar em festivais que vão do Acre até o Rio Grande do Sul. Essa realidade não existe na Argentina né? A cena é bem concentrada em Buenos Aires? Fale um pouco sobre isso...
Sylvie - Faith diz:
A gente tem dois problemas graves aqui: uma é o acidente que teve aqui na casa de shows Cromañon, que morreram quase 200 pessoas em um show. Com isso fecharam quase todas as casas noturnas, ficaram somente as de políticos e afins. Montar algo aqui é missão impossível se você não tem "amizade" política. Há poucas casas de shows, quase todas com pouca estrutura e muito cara. Aqui se paga valores altos de aluguel e bilheteria, compartida com o dono do lugar. É muito complicado movimentar o indie.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Uma lógica parecida com a do Rio de Janeiro né...
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Só funciona pra quem é vip...
Sylvie - Faith diz:
Buenos Aires é a capital federal e também o centro cultural. Fora de Buenos Aires não acontece nada... o que é terrível para marcar uma "tour" por Argentina, até para as bandas daqui. E com a falta de lugar, ninguém quer dar lugar a bandas de fora. Por isso fizemos o ciclo, em primeiro lugar La Plata, uma cidade a uma hora daqui que esta com uma cena legal, que deve crescer, com muitas bandas novas e talentosas. Aqui é IGUAL ao Rio. Só VIP. Sempre.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Ai entra uma questão polêmica que seria bacana que você elucidasse: É muito mais interessante para bandas da Argentina, Uruguai, Chile e etc virem pro Brasil do que bandas brasileiras irem tocar nesses restritos mercados? Já ouvi isso em alguns debates no país e queria que você me falasse um pouco sobre os suportes que as cenas de outros países oferecem para bandas brasileiras... Não acaba sendo apenas mais uma cidade? Como qualquer outra do Brasil?
Sylvie - Faith diz:
A banda que vai para aí vai receber mais estrutura que em qualquer evento daqui ou de outro país espano-latino de porte independente. Isso é um fato. A gente, dentro do indie brasileiro, está mais organizado, sem dúvida. Mas eu confio que é um bom investimento e uma praia legal para se freqüentar. O público indie argentino é interessado, não tem preconceito com a língua ou com estilo. É uma experiência linda. Primeiro por cantar em português ou inglês, ninguém conhecer sua música, gerar um elo de conexão com o público, busca-lo em cima do palco e depois conquistar-lo É o que há de mais gratificante. Escutei isso das bandas que vieram e vejo isso claramente. O intercâmbio é sempre sadio. E se bem aproveitado, traz ótimos frutos para os dois lados.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sim, mas você acha que está muito longe de vocês conseguirem fomentar cenas em outras cidades argentinas? Este não seria um próximo passo rumo a potencialização do circuito no MERCOSUL?
Sylvie - Faith diz:
Hoje em dia é complicado por uma questão de estrutura. Mas a gente consegue sim marcar mais shows em outras cidades da Argentina. Os Autoramas, os MQN e os Superguidis fizeram shows históricos fora de Buenos Aires também. Eu acredito que é questão de tempo para termos 2 ou 3 pontos fixos em diferentes cidades da Argentina e lutar por mais outros 2. É questão de tempo e trabalho e estamos fazendo o possível para conseguir isso.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E a cena nos outros países que você tem negociado, como Uruguai, Colômbia e Chile. Qual é a realidade por lá? Muito parecida com a da argentina, concentrada na capital?
Sylvie - Faith diz:
Chile tem duas ou três cidades pra fazer show, Colômbia tem duas cidades, Peru duas cidades, Uruguai a capital. Sim, parecidas com Argentina. A cena do Uruguai, por ser pequena, é sensacional. Há muitas boas bandas por lá, como aqui na Argentina. O Chile tem muito pop e eletrônico, o Peru tem muita coisa legal e a Colômbia muito punk.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Bacana, será que essas cenas tambem se interessariam em participar do Grito Rock 2008? O que acha de fazer essa ponte e definitivamente transformarmos a ação em Grito Rock América do Sul 2008?
Sylvie - Faith diz:
Eu espero que sim. Tenho parceiros produtores de ciclos independentes no Uruguai, Chile e Peru, então estamos à disposição para ajudar e tentar fazer isso virar uma grande experiência de intercambio sudamericano.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Ótimo, valeu e muito pela entrevista, e agora mãos a obra...para 2008 ser definitivamente o ano da integração do rock sul americano...um abraço e até a próxima!
www.scatter.com.ar
Há alguns anos, antes do advento da internet ou com a queda do preço do dólar,pensar em integração ou intercâmbio com as cenas da música independente de países como Argentina, Uruguai, Colômbia, Peru e outros, tratava-se de conjecturações fantasiosas em virtude das várias dificuldades de se viabilizar um plano de viabilidade para tal produção. Acontece que o momento atual vem se mostrando favorável, e bandas gringas circulando no Brasil são fatos corriqueiros, haja vista os line ups dos festivais de música independente no país. Agora, um novo fato impulsionará ainda mais essa integração. Trata-se da realização do Grito Rock Buenos Aires, que será promovido pela produtora Scatter Records, da brasileira Sylvie Picolloto. Em entrevista ao Cubo Planejamento, a produtora conta um pouco de como prevê o GR na Argentina, e contextualiza também o cenário da música independente naquele país.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sylvie, fale um pouco sobre o Grito Rock Buenos Aires 2008!!
Sylvie - Faith diz:
Eu acredito que é um projeto sensacional. Gerar uma rota de shows independente não só é essencial como é o primordial para garantir o futuro de uma cena. Fico muito feliz de poder fazer parte desse projeto e poder incluir um país empano latino dentro desta rota.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E além do Grito Rock Buenos Aires 2008 o que podemos esperar da Scatter Records no ano que vem? Muitos intercâmbios?
Sylvie - Faith diz:
Sim. Felizmente sim. Para o ano que vem a gente pretende receber bandas brasileiras e sul americanas. Vamos lançar um compilado de uma banda chilena chamada Guiso em conjunto com a Monstro Discos. Vamos lançar um disco lindo chamado "No Love" de uma banda peruana, Turbopótamos, junto com o Senhor F Discos, temos também agendado uma tour dos Superguidis + El Mato A Un Policia Motorizado. Uma aliança com o selo Gordo Discos, do Peru, que tem muita coisa legal. Ano que vem a gente lança no Brasil, pela ¡Maldita Sea! Discos, um EP do El Mato A Un Policia e um EP do Brian Storming - duas bandas argentinas. Além disso, estamos sempre escutando música nova, para ter mais idéias e com isso gerar mais coisas. A ¡Maldita Sea! Discos é um projeto cultural feito entre a Scatter Records e a Peligro Discos, de São Paulo.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E como você tem visto o mercado independente brasileiro? Festivais, selos, bandas, o que mais te chama atenção nisso tudo que tem rolado por aqui?
Sylvie - Faith diz:
Eu trato de seguir tudo. Compro revistas, peço pros amigos trazerem infos, vou pra alguns festivais e shows no Brasil. Eu vejo que o independente está lutando para ganhar mais espaço e está se dando bem. Com festivais estruturados, fica mais fácil fazer o que a banda mais gosta de fazer, que é tocar. Me chama a atenção a qualidade de bandas como o Superguidis e o Los Porongas. E também o ultimo CD dos Autoramas está incrível, gosto muito do Debate de São Paulo, do Macaco Bong, dos Vamoz, das Lunettes, dos Detetives, enfim... Há muita coisa legal acontecendo e o melhor - há palcos para esta gente boa tocar. Creio que é um grande momento para a gente, que trabalha no independente. Boas bandas e boa estrutura - uma boa equação para ter um bom trabalho.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sim, e até pelo tamanho do país existem diversos circuitos para uma banda desbravar, que pode tocar em festivais que vão do Acre até o Rio Grande do Sul. Essa realidade não existe na Argentina né? A cena é bem concentrada em Buenos Aires? Fale um pouco sobre isso...
Sylvie - Faith diz:
A gente tem dois problemas graves aqui: uma é o acidente que teve aqui na casa de shows Cromañon, que morreram quase 200 pessoas em um show. Com isso fecharam quase todas as casas noturnas, ficaram somente as de políticos e afins. Montar algo aqui é missão impossível se você não tem "amizade" política. Há poucas casas de shows, quase todas com pouca estrutura e muito cara. Aqui se paga valores altos de aluguel e bilheteria, compartida com o dono do lugar. É muito complicado movimentar o indie.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Uma lógica parecida com a do Rio de Janeiro né...
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Só funciona pra quem é vip...
Sylvie - Faith diz:
Buenos Aires é a capital federal e também o centro cultural. Fora de Buenos Aires não acontece nada... o que é terrível para marcar uma "tour" por Argentina, até para as bandas daqui. E com a falta de lugar, ninguém quer dar lugar a bandas de fora. Por isso fizemos o ciclo, em primeiro lugar La Plata, uma cidade a uma hora daqui que esta com uma cena legal, que deve crescer, com muitas bandas novas e talentosas. Aqui é IGUAL ao Rio. Só VIP. Sempre.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Ai entra uma questão polêmica que seria bacana que você elucidasse: É muito mais interessante para bandas da Argentina, Uruguai, Chile e etc virem pro Brasil do que bandas brasileiras irem tocar nesses restritos mercados? Já ouvi isso em alguns debates no país e queria que você me falasse um pouco sobre os suportes que as cenas de outros países oferecem para bandas brasileiras... Não acaba sendo apenas mais uma cidade? Como qualquer outra do Brasil?
Sylvie - Faith diz:
A banda que vai para aí vai receber mais estrutura que em qualquer evento daqui ou de outro país espano-latino de porte independente. Isso é um fato. A gente, dentro do indie brasileiro, está mais organizado, sem dúvida. Mas eu confio que é um bom investimento e uma praia legal para se freqüentar. O público indie argentino é interessado, não tem preconceito com a língua ou com estilo. É uma experiência linda. Primeiro por cantar em português ou inglês, ninguém conhecer sua música, gerar um elo de conexão com o público, busca-lo em cima do palco e depois conquistar-lo É o que há de mais gratificante. Escutei isso das bandas que vieram e vejo isso claramente. O intercâmbio é sempre sadio. E se bem aproveitado, traz ótimos frutos para os dois lados.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sim, mas você acha que está muito longe de vocês conseguirem fomentar cenas em outras cidades argentinas? Este não seria um próximo passo rumo a potencialização do circuito no MERCOSUL?
Sylvie - Faith diz:
Hoje em dia é complicado por uma questão de estrutura. Mas a gente consegue sim marcar mais shows em outras cidades da Argentina. Os Autoramas, os MQN e os Superguidis fizeram shows históricos fora de Buenos Aires também. Eu acredito que é questão de tempo para termos 2 ou 3 pontos fixos em diferentes cidades da Argentina e lutar por mais outros 2. É questão de tempo e trabalho e estamos fazendo o possível para conseguir isso.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E a cena nos outros países que você tem negociado, como Uruguai, Colômbia e Chile. Qual é a realidade por lá? Muito parecida com a da argentina, concentrada na capital?
Sylvie - Faith diz:
Chile tem duas ou três cidades pra fazer show, Colômbia tem duas cidades, Peru duas cidades, Uruguai a capital. Sim, parecidas com Argentina. A cena do Uruguai, por ser pequena, é sensacional. Há muitas boas bandas por lá, como aqui na Argentina. O Chile tem muito pop e eletrônico, o Peru tem muita coisa legal e a Colômbia muito punk.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Bacana, será que essas cenas tambem se interessariam em participar do Grito Rock 2008? O que acha de fazer essa ponte e definitivamente transformarmos a ação em Grito Rock América do Sul 2008?
Sylvie - Faith diz:
Eu espero que sim. Tenho parceiros produtores de ciclos independentes no Uruguai, Chile e Peru, então estamos à disposição para ajudar e tentar fazer isso virar uma grande experiência de intercambio sudamericano.
Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Ótimo, valeu e muito pela entrevista, e agora mãos a obra...para 2008 ser definitivamente o ano da integração do rock sul americano...um abraço e até a próxima!
1 Comments:
muitooo bom o blog, adorei poder encontrar trabalhos independentes aki!
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