Thursday, September 27, 2007

A realidade da cena independente sulamericana

Conheça a cena independente em países como a Argentina, Uruguai e outros do continente sul-americano. E saiba também como será o Grito Rock Buenos Aires.



www.scatter.com.ar

Há alguns anos, antes do advento da internet ou com a queda do preço do dólar,pensar em integração ou intercâmbio com as cenas da música independente de países como Argentina, Uruguai, Colômbia, Peru e outros, tratava-se de conjecturações fantasiosas em virtude das várias dificuldades de se viabilizar um plano de viabilidade para tal produção. Acontece que o momento atual vem se mostrando favorável, e bandas gringas circulando no Brasil são fatos corriqueiros, haja vista os line ups dos festivais de música independente no país. Agora, um novo fato impulsionará ainda mais essa integração. Trata-se da realização do Grito Rock Buenos Aires, que será promovido pela produtora Scatter Records, da brasileira Sylvie Picolloto. Em entrevista ao Cubo Planejamento, a produtora conta um pouco de como prevê o GR na Argentina, e contextualiza também o cenário da música independente naquele país.



Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sylvie, fale um pouco sobre o Grito Rock Buenos Aires 2008!!

Sylvie - Faith diz:
Eu acredito que é um projeto sensacional. Gerar uma rota de shows independente não só é essencial como é o primordial para garantir o futuro de uma cena. Fico muito feliz de poder fazer parte desse projeto e poder incluir um país empano latino dentro desta rota.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E além do Grito Rock Buenos Aires 2008 o que podemos esperar da Scatter Records no ano que vem? Muitos intercâmbios?

Sylvie - Faith diz:
Sim. Felizmente sim. Para o ano que vem a gente pretende receber bandas brasileiras e sul americanas. Vamos lançar um compilado de uma banda chilena chamada Guiso em conjunto com a Monstro Discos. Vamos lançar um disco lindo chamado "No Love" de uma banda peruana, Turbopótamos, junto com o Senhor F Discos, temos também agendado uma tour dos Superguidis + El Mato A Un Policia Motorizado. Uma aliança com o selo Gordo Discos, do Peru, que tem muita coisa legal. Ano que vem a gente lança no Brasil, pela ¡Maldita Sea! Discos, um EP do El Mato A Un Policia e um EP do Brian Storming - duas bandas argentinas. Além disso, estamos sempre escutando música nova, para ter mais idéias e com isso gerar mais coisas. A ¡Maldita Sea! Discos é um projeto cultural feito entre a Scatter Records e a Peligro Discos, de São Paulo.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E como você tem visto o mercado independente brasileiro? Festivais, selos, bandas, o que mais te chama atenção nisso tudo que tem rolado por aqui?

Sylvie - Faith diz:
Eu trato de seguir tudo. Compro revistas, peço pros amigos trazerem infos, vou pra alguns festivais e shows no Brasil. Eu vejo que o independente está lutando para ganhar mais espaço e está se dando bem. Com festivais estruturados, fica mais fácil fazer o que a banda mais gosta de fazer, que é tocar. Me chama a atenção a qualidade de bandas como o Superguidis e o Los Porongas. E também o ultimo CD dos Autoramas está incrível, gosto muito do Debate de São Paulo, do Macaco Bong, dos Vamoz, das Lunettes, dos Detetives, enfim... Há muita coisa legal acontecendo e o melhor - há palcos para esta gente boa tocar. Creio que é um grande momento para a gente, que trabalha no independente. Boas bandas e boa estrutura - uma boa equação para ter um bom trabalho.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sim, e até pelo tamanho do país existem diversos circuitos para uma banda desbravar, que pode tocar em festivais que vão do Acre até o Rio Grande do Sul. Essa realidade não existe na Argentina né? A cena é bem concentrada em Buenos Aires? Fale um pouco sobre isso...

Sylvie - Faith diz:
A gente tem dois problemas graves aqui: uma é o acidente que teve aqui na casa de shows Cromañon, que morreram quase 200 pessoas em um show. Com isso fecharam quase todas as casas noturnas, ficaram somente as de políticos e afins. Montar algo aqui é missão impossível se você não tem "amizade" política. Há poucas casas de shows, quase todas com pouca estrutura e muito cara. Aqui se paga valores altos de aluguel e bilheteria, compartida com o dono do lugar. É muito complicado movimentar o indie.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Uma lógica parecida com a do Rio de Janeiro né...

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Só funciona pra quem é vip...

Sylvie - Faith diz:
Buenos Aires é a capital federal e também o centro cultural. Fora de Buenos Aires não acontece nada... o que é terrível para marcar uma "tour" por Argentina, até para as bandas daqui. E com a falta de lugar, ninguém quer dar lugar a bandas de fora. Por isso fizemos o ciclo, em primeiro lugar La Plata, uma cidade a uma hora daqui que esta com uma cena legal, que deve crescer, com muitas bandas novas e talentosas. Aqui é IGUAL ao Rio. Só VIP. Sempre.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Ai entra uma questão polêmica que seria bacana que você elucidasse: É muito mais interessante para bandas da Argentina, Uruguai, Chile e etc virem pro Brasil do que bandas brasileiras irem tocar nesses restritos mercados? Já ouvi isso em alguns debates no país e queria que você me falasse um pouco sobre os suportes que as cenas de outros países oferecem para bandas brasileiras... Não acaba sendo apenas mais uma cidade? Como qualquer outra do Brasil?


Sylvie - Faith diz:
A banda que vai para aí vai receber mais estrutura que em qualquer evento daqui ou de outro país espano-latino de porte independente. Isso é um fato. A gente, dentro do indie brasileiro, está mais organizado, sem dúvida. Mas eu confio que é um bom investimento e uma praia legal para se freqüentar. O público indie argentino é interessado, não tem preconceito com a língua ou com estilo. É uma experiência linda. Primeiro por cantar em português ou inglês, ninguém conhecer sua música, gerar um elo de conexão com o público, busca-lo em cima do palco e depois conquistar-lo É o que há de mais gratificante. Escutei isso das bandas que vieram e vejo isso claramente. O intercâmbio é sempre sadio. E se bem aproveitado, traz ótimos frutos para os dois lados.


Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Sim, mas você acha que está muito longe de vocês conseguirem fomentar cenas em outras cidades argentinas? Este não seria um próximo passo rumo a potencialização do circuito no MERCOSUL?

Sylvie - Faith diz:
Hoje em dia é complicado por uma questão de estrutura. Mas a gente consegue sim marcar mais shows em outras cidades da Argentina. Os Autoramas, os MQN e os Superguidis fizeram shows históricos fora de Buenos Aires também. Eu acredito que é questão de tempo para termos 2 ou 3 pontos fixos em diferentes cidades da Argentina e lutar por mais outros 2. É questão de tempo e trabalho e estamos fazendo o possível para conseguir isso.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
E a cena nos outros países que você tem negociado, como Uruguai, Colômbia e Chile. Qual é a realidade por lá? Muito parecida com a da argentina, concentrada na capital?

Sylvie - Faith diz:
Chile tem duas ou três cidades pra fazer show, Colômbia tem duas cidades, Peru duas cidades, Uruguai a capital. Sim, parecidas com Argentina. A cena do Uruguai, por ser pequena, é sensacional. Há muitas boas bandas por lá, como aqui na Argentina. O Chile tem muito pop e eletrônico, o Peru tem muita coisa legal e a Colômbia muito punk.

Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Bacana, será que essas cenas tambem se interessariam em participar do Grito Rock 2008? O que acha de fazer essa ponte e definitivamente transformarmos a ação em Grito Rock América do Sul 2008?

Sylvie - Faith diz:
Eu espero que sim. Tenho parceiros produtores de ciclos independentes no Uruguai, Chile e Peru, então estamos à disposição para ajudar e tentar fazer isso virar uma grande experiência de intercambio sudamericano.


Pablo Capilé@Espaço Cubo em Minas Gerais! diz:
Ótimo, valeu e muito pela entrevista, e agora mãos a obra...para 2008 ser definitivamente o ano da integração do rock sul americano...um abraço e até a próxima!

Wednesday, September 26, 2007

Movimento Fora do Eixo de Rondônia articula circuito estadual


Nettu, do Vilhena Rock e da banda Enmou

A cena da música independente no país ganha cada vez mais vigor com a articulação das cenas estaduais, como é o caso de Minas Gerais, São Paulo e agora Rondônia, todas com várias cidades integradas, estabelecendo com isso um amplo debate sobre mapeamento de cadeia produtiva de cada localidade, o que facilitará a vida de bandas e produtores de todo o país. Pois é, em RO uma grande reunião capitaneada por produtores de Vilhena e Ji-Paraná debaterá estratégias de fortalecimento, levando pra mesa temas como o Grito Rock Ro 2008, a apresentação e contextualização das cenas e coletivos de Rock do estado, entre outras pontuadas por Nettu Regert, do Vilhena Rock, em entrevista concedida à Imprensa EC. O bate-papo na íntegra pode ser conferido abaixo:

Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
Quando será a reunião?
Nettü Regert - diz:
Dias 13 e 14 agora
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
Vai ser onde?
Nettü Regert - diz:
Em Ji-Paraná, no dia 13 será no Teatro Dominguinhos e no dia 14 estamos esperando a confirmação do teatro, se não for lá será em algum lugar alternativo
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
E quais pautas estarão em debate?.
Nettü Regert - diz:
- Apresentação e Contextualização das Cenas e Coletivos de Rock do Estado de Rondônia;
- Grito Rock Rondônia 2008;
- Estabelecimento de metas para 2008: intercâmbio de informações e tecnologia;
- Mapeamento de eventos e espaços culturais do Estado;
- Fortalecimento das relações e linkar RO definitivamente com o Circuito Fora do Eixo

Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
Todo mundo vai pra lá? A galera de Porto Velho e de Vilhena?
Nettü Regert - diz:
Sim, Porto Velho, Vilhena, Ji-Paraná e Cacoal já tem representantes confirmados.
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
Cacoal? é a mais nova cidade integrada à movimentação?
Nettü Regert - diz:
Na verdade Cacoal ainda não tem uma organização certa, São bandas que ainda não atuam como um coletivo. É uma coisa que a gente aqui e o pessoal de Jipa quer mudar... É uma cidade com boas bandas, mas não há movimentação para fazê-las atuar na própria cidade.
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
E vcs tao visualizando a fundação de um circuito rondoniense de música?
Nettü Regert - diz:
Sim, a intenção é integrar as cidades do estado em um circuito de intercâmbio de bandas, informações e tecnologia. Aí nas cidades onde há um ou mais coletivos fica mais fácil articular

Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
E como vocês estão pensando em articular essa rede?
Nettü Regert - diz:
Serão formados vias de contato entre os coletivos, dentro de um circuito, cada qual com seu método de trabalho para que com o tempo os coletivos se agrupem em atividades conjuntas.
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
E Neto, quem são os articuladores da iniciativa?
Nettü Regert - diz:
Vilhena Rock e Movimento Rock de Ji-Paraná, com a ajuda do Projeto Beradeiros e Fanrock. Quando estávamos voltando do Calango, o Del (de Porto Velho) e eu já fomos pontuando como seria a reunião e definimos ainda no ônibus a data da mesma. Porque sempre tivemos a vontade de fazer um encontro dos coletivos, aí com o feriadão e a escolha de Ji-Paraná como sede, por ser centro do estado, facilitaram a concretização.
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
O Beradeiros e o Fan Rock tão dentro também? O Casarão vai crescer pacas agora com o apoio da petrobras..

Nettü Regert - diz:
Sim. A 3ª ou 4ª reunião do circuito será no Casarão. A primeira será em Ji-Paraná, a segunda será durante o beradeiros, a terceira queremos que seja aqui e a quarta no Casarão. Na verdade o encontro já era vontade de todos os coletivos, mas como ainda não tinha data era algo até pouco tempo atrás que não era palpável.
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
E quem tiver a fim de fazer o circuito de Rondônia , quais são os contatos?
Nettü Regert - diz:
jregert@gmail.com (Nettü Regert, de Vilhena) , raphamorim_dimarco@hotmail.com (Raphael Amorim, de Ji-Paraná) e frajola_tdk (Rafael, banda Tatudikixuti, de Ji-Paraná) são os e-mails. E jc_ramone@hotmail.com o MSN, no caso o meu.
Marielle Ramires @ espacocubo.blogger.com.br! diz:
E a galera de porto velho e Cacoal? Quem são os representantes?
Nettü Regert - diz:
Ainda estão definindo, mas o Giovanni Marini, presidente do Projeto Beradeiros estará lá tbm. Aí tem outros coletivos como uma Cooperativa de Bandas de Porto Velho (formada recentemente), e gente de outras cidades do interior tbm entrando em contato.

Tuesday, September 11, 2007

Entrevista com os organizadores do Festival Jambolada



Conforme dissemos ontem no blog (nota do especial Loaded), nesse fim de semana rola em Uberlândia o Jambolada, o maior festival independente das Minas Gerais. Inseridaço no Circuito Fora do Eixo, o Jambolada traz também debates referentes à movimentação, além de uma programação com importantes bandas do cenário, vide Los Porongas(AC), Porcas Borboletas(MG), Vanguart(MT), Superguidis(RS), entre várias outras. Pra dar um pouco mais de detalhes a respeito do festival, entrevistamos Talles Lopes e Alessandro Carvalho, dois dos organizadores. Confira o papo abaixo...


Imprensa EC: Esse ano vcs tao dando um bom destaque às previas, um meio de inserir jovens na movimentação cultural, através do segmento "música". É a primeira vez que o festival realiza prévias?

Talles:
Este ano é a primeira vez que realizamos prévias para o festival
A decisão de fazer as prévias leva em conta 3 aspectos principalmente:
primeiro: precisávamos encontrar mecanismos para democratizar o processo de curadoria do festival e deixar cada vez mais transparente o processo de escolha das bandas, principalmente as bandas locais.

segundo: tínhamos tb interesse de mapear um pouco melhor a cena da cidade e um processo de inscrições bem publicizado é um importante passo neste processo de mapeamento.

terceiro: por ser realizado numa cidade do interior o festival precisava tb de buscar formas que o consolidassem em todo o estado e por isto a opção de fazer prévias mineiras e não apenas em Uberlândia. Fora o fato de que as prévias já funcionam tb como um importante elemento de divulgação aumentando o número de ações que podem ser publicizadas pelo festival. Com isso acreditamos que estamos democratizando o acesso, ampliando o raio de cidades atingidas, estadualizando o festival, e diversificando as ações para explorar ao máximo seu potencial de comunicação com o setor musical de Minas Gerais
Quer complementar algo Ale?

Alessandro Carvalho: sim...
Com Seletivas também na cidade de Belo Horizonte, facilita o acesso a bandas geograficamente distantes do triângulo mineiro. As seletivas BH foram na Obra, do nosso amigo Claudão. Bandas do sul de minas e otras regiões também participaram da Prévia de BH.

Imprensa EC: Me lembro da edição do ano passado em que o ultimo dia foi numa praça, com entrada franca com show do rock rocket e outras bandas. Esse ano rola mais em espaços abertos também neh...

Talles
O arte na praça é um projeto da Diretoria de Culturas da Federal de Uberlãndia que este ano completa 5 anos. Fizemos ano passado a junção entre o Jambolada e este projeto pela primeira vez e gostamos muito do resultado. Por isto a parceria vai novamente se repetir.

Alessandro Carvalho
é legal a integração do festival em um espaço público, e uma forma dos artistas que virão se integrarem mais com a cidade. Na praça também funciona todos domingos a Feira da Gente, que conta com barraquinhas de artesanato e alimentação. O Arte na praça especial Jambolada também tem entrada franca, democratizando ainda mais o festival, que já conta com ingressos a preços populares.

Imprensa EC
No Jambolada do ano passado, um dos diagnósticos foi que a cena já tinha atingido uma inserção notória no Circuito Fora do Eixo, ficando para 2007 a concentração na cena local, estadual, etc. E aí rola mesmo vários núcleos com potencial de agregação, como a rádio buriti, incêndio discos... como ta a articulação com eles? Quais parcerias vão rolar pro Jambolada 2007?

Alessandro Carvalho
Bom temos parceria com a rádio Buriti, as bandas classificadas para participar das prévias terão seu conteudo (músicas) disponibilizado na rádio buriti. E a Cobertura do festival vai ser feito pela Novamidia, núcleo de comunicação Independente aqui de Uberlândia também integrado no Circuito Fora do Eixo.

Talles
A nossa intenção era que a Jambolada fosse o grande momento de articulação da cena estadual e para isto estamos desenvolvendo parcerias não só em Uberlândia, mas principalmete com BH tb. As prévias em BH contam com o apoio da obra e do Stereoteca que é um projeto bem bacana que rola lá.

Alessandro Carvalho
Vamos fazer o lançamento do Circuito Mineiro de Música Independente, articulação de casas e produtores e agentes da música independente em minas.

Talles
Além disso temos a intenção de trazer produtores de várias regiões de minas para lançarmos o Circuito Mineiro de Música Independente.

Imprensa EC
bom demais, galera... era isso aí. Querem acrescentar algo mais ?

Alessandro Carvalho
Gostaria de convidar a todos a vir pro Festival , teremos convenio com Hoteis que terão preços especias para participantes do festival.

Mais informações em www.jambolada.com.br e www.jambolada.blogspot.com